quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Parábolas de Jesus - ESFORÇO

OVELHA PERDIDA
Mt 18:12-14
Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar a que se extraviou?
E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.
Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos.
Lc 15:4-7
Qual de vós é o homem que, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás da perdida até que a encontre?
E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;
e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.
Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.


Parábola endereçada aos fariseus. Em Lc 14, Jesus está dividindo uma refeição com os fariseus. No Oriente Médio, e até hoje, convidar um homem para uma refeição é compartilhar a vida. Em qualquer refeição sabe-se que o hospede está trazendo honra à casa em que é recebido. É uma oferta de paz, de confiança. Desta forma, as refeições de Jesus com publicanos, fariseus e pecadores são expressões da sua missão. Ele está nos oferecendo um reajuste das relações e uma revisão de nossa escala de valores. Foram verdadeiros escândalos, que demonstram sua extrema humanidade e simpatia pelos desprezados. Para os fariseus é uma ofensa muito mais séria, pois Jesus, além de comer, está acolhendo (Mc 2:15, Lc 15:2) e através das parábolas da Ovelha Perdida, Moeda Perdida e Filho Pródigo, Jesus explica seus atos, que nos mostram três categorias de perdidos e reencontrados. Estas três parábolas são contadas por Lucas em seqüência e são conhecidas como parábolas da misericórdia.

1º MOMENTO: Com esta parábola, Jesus faz um ataque contra as atitudes farisaicas com as profissões tidas como proscritas. Para um fariseu, “pecador” era uma pessoa imoral, que não observava a Lei ou pessoas que se ocupavam com profissões proscritas, entre elas, pastor de ovelhas. Na verdade, é mais um contra-senso, pois Moisés foi um pastor de ovelhas e a figura de pastor é usada diversas vezes pelos profetas.
Jesus, um pouco antes, havia estado na casa de Mateus para uma refeição. Os fariseus e escribas insistiam em criticá-lo por estar com pecadores. Nesta passagem, baseado em texto de María e José Ignacio López Vigil, do livro UM TAL de JESUS, podemos perceber o clima geral de hostilidade que esta atitude representa. Mesmo seus companheiros não entendem. O texto é um diálogo entre Jesus e alguns de seus discípulos.


Jesus: Mas, e então? Vocês não vêm?
Tiago: Prefiro morrer a ter que entrar naquela casa, Jesus! Você está ficando maluco? Como vamos comer com aquele safado!
Os gritos de Tiago ressoaram no embarcadouro de Cafarnaum. Jesus havia ido até lá para falar-nos de Mateus e para perguntar se queríamos acompanhá-lo para comer em sua casa. Mas odiávamos o cobrador de impostos já há muitos anos e nenhum de nós quis ir.

Mila: E ele vem comer, você está dizendo?
Mateus: Sim, mulher. É um forasteiro de Nazaré. E eu estou desconfiado que é um sujeito meio especial.
Mila: E esse homem não é perigoso, Mateus? Quem vai vir comer aqui sem mais nem menos...?
Mateus: Já lhe disse que é um tipo meio estranho. Na verdade não me parece má pessoa...
A mulher de Mateus era solitária. O ofício de seu marido, um dos mais desprezados do nosso país, a foi afastando de todos em Cafarnaum. Vivia fechada em sua casa. Não gostava de sair. Quando ia ao mercado, as outras mulheres cochichavam às suas costas e mexiam com ela. Não tinha amigos. Tampouco tivera filhos. E quase nunca preparava comida para algum convidado. Por isso, naquela noite, por mais suspeitas que Mateus tivesse, sua mulher estava contente.

Ao entardecer, Jesus foi até a casa de Mateus. Foi sozinho. O publicano vivia na saída do bairro dos fruteiros. Em sete metros ao redor, não havia nenhuma outra casa. Ninguém queria viver perto dele. Tanto era o ódio que sentíamos em Israel pelos cobradores de impostos.
Mateus: Entre, entre, forasteiro. Esta aí é Mila, minha mulher.
Jesus: Boa noite, Mila...
Mila: Bem vindo à nossa casa, senhor... É ... Bem, meu marido me disse que viria, e que ... Nós também convidamos o capitão Cornélio para estar conosco esta noite... Suponho que não se importará... sabe, é que já o conhecemos...
Mateus: Deixe de tanta conversa, mulher! Para a cozinha! Termine de preparar aquelas berinjelas de uma vez!
Mila: Já vou, já vou...
Mateus: E então? Veio sozinho, não?... Seus amigos não quiseram sujar as sandálias pisando em minha casa...
Jesus: Sim, a verdade é que... não quiseram vir. Eu falei com eles, mas...
Mateus: Mas nada. Está bem. Pior para eles. Menos bocas, sobra mais para nós. Venha, vamos para dentro...

Enquanto isso, nós nos havíamos reunido para discutir na casa do velho Zebedeu. Estávamos todos furiosos. Minha mãe Salomé, que tinha uma voz estridente, nem sequer tinha preparado a sopa naquela noite...
Salomé: Até o rabino já está sabendo!... É uma vergonha! Estamos na boca de todos!... Ah, Jesus, quando eu o agarrar...!
Tiago: Não houve jeito de tirar essa idéia da cabeça dele, de ir comer com esse cachorro do Mateus.
Pedro: Isso não entra na minha cabeça!... O que Jesus está querendo com esse publicano?
Tiago: O que este publicano está querendo de Jesus? Isso é que não está claro. Aqui tem algo esquisito.
Salomé: Isso sim é verdade! Isso está cheirando mal.
Tiago: Mas e aí, não vamos fazer nada? Jesus comendo na casa de Mateus e nós aqui, de braços cruzados...?
Pedro: Por que não vamos até lá e quando sair dizemos umas quantas verdades a Jesus? Ele vai ter de se explicar! Heim? O que vocês acham? Vamos até a casa de Mateus?

A refeição já havia começado na casa de Mateus.
Mateus: Vamos, mulher, sirva mais beringelas a Jesus. Está com o prato vazio... Você veio aqui para comer bem, entendeu? Na minha casa não se passa fome!...
Jesus: Bem, mais uma, mas é a última. Estou satisfeito. A senhora cozinha muito bem, dona Mila...
Mateus: É uma grande cozinheira, sim senhor. O Cornélio sempre diz isso, mas ela nunca acredita muito. Também, quem está acostumado a que lhe cuspam quando passa na rua... Como vai acreditar que faça alguma coisa de bom...? Esta minha mulher está mais trancada em casa do que um caracol. Tem medo das pessoas... Deixe que digam o que quiserem, não é mesmo, amigo?
Olhe, Jesus, nesse tipo de profissão como a minha, acontece que nem com a tinta. Se você faz um borrão, não há quem o tire. A mancha fica para sempre. Com a gente, os cobradores de impostos, você se mete nisso e cai uma mancha sobre você. E não sai nunca mais. Por isso que eu digo, que é preciso se acostumar e não sofrer tanto como essa mulher!... Se ela não solta umas vinte lágrimas por dia não está contente! Bem, mas aqui não é lugar de chorar. Aqui é lugar de rir. Sirva mais a Jesus, mulher.

André, Pedro, Tiago e eu, nos aproximamos da casa de Mateus. Sentados na rua, ouvíamos de longe as risadas do publicano e víamos com raiva as luzes acesas lá dentro. Não podíamos suportar a idéia de que Jesus estivesse atrás daquelas paredes... Quando já estávamos um tempo por ali, passou o rabino Eliab e nos viu...
Rabino: Que fazem aqui?!...
Pedro: Bem...
Rabino: Então esse amiguinho de vocês está andando agora com o publicano? Como é essa história? Ele foi visto essa manhã bebendo com esse sujeito na taberna e agora veio comer em sua casa... O que vocês dizem disso? Ou também estão esperando para entrar?

Aquilo era o que faltava. Então Pedro se levantou de um salto e agarrou umas pedras da rua. Sem pensar duas vezes, começou a atirá-las contra a janela da casa de Mateus...
Pedro: Maldição para este publicano do inferno e para Jesus e para todo mundo!
Mila: Ai, Deus santo, que barulho é esse? Mateus corre aqui!
Mateus: Mas, quem está ai? Desgraçados!
Jesus: Espere Mateus, não saia você. Vamos Cornélio...

Jesus saiu ao portal da casa. Atrás dele vimos o capitão romano. E nesse momento uma pedra passou zumbindo entre os dois...
Jesus: O que vocês estão fazendo aqui?
Pedro: Isso nós é que perguntamos: o que você está fazendo aí, comendo com esse traidor?

O rabino Eliab, envolto em seu manto negro, se aproximou desafiante de Jesus...
Rabino: Como se atreve a partir o pão com os pecadores? Toda a Cafarnaum está murmurando sobre você, forasteiro. Você não pode se sentar à mesa com um homem que está manchado.
Jesus: E quem me proíbe disso?
Rabino: A Lei de Moisés e os santos costumes de nosso povo. Você não sabe que quem se junta a um homem impuro se torna impuro como ele?
Jesus: Mateus é um pecador? Pois bem. Deus não precisa converter os justos, mas os pecadores. E que eu saiba, não são os sadios que precisam de médico. São os doentes. Mateus está doente e sabe disso. Precisa que entre todos o curemos.
Rabino: Que bobagens você está dizendo, camponês ignorante! Assim, que você é o médico, não? E que veio aqui curar Mateus...! Você está tão doente como ele! Agora está manchado igual ao publicano que vive nela. Não sabe o que diz a Escritura para esses casos? Não se aproxime da sinagoga sem antes oferecer um sacrifício de purificação pelos seus pecados.
Jesus: E você não sabe o que diz uma outra parte da mesma Escritura: “Quero amor e não sacrifícios”. Deus prefere o amor às penitências.
Rabino: Insolente! Algum dia você vai engolir as palavras que acaba de dizer!
O rabino cuspiu no rosto de Jesus. Tinha as veias do pescoço tão saltadas que parecia que iam explodir. Sacudiu com raiva as sandálias diante dele e se afastou pela escura viela...

Pedro: Jesus, você nos traiu. Não esperávamos isso de você.
Tiago: Fale claro de uma vez: De que lado você está?
Pedro: Muito palavrório: “as coisas vão mudar, as coisas vão mudar”. E agora vem você comer com esse vende-pátria e com um capitão romano. Como fica isso, então?
Jesus: É como a gente vem conversando há muito tempo. Para que as coisas mudem, a gente tem de mudar. Mateus é o homem mais odiado em Cafarnaum. Todos nós podemos dar-lhe uma mão.
Tiago: Vai pros diabos, Jesus! Está bem, faça o que quiser. Mas tome cuidado com esse sujeito. Ele pode levar todo mundo para a cadeia.
Pedro: Vamos embora daqui. E você continue comendo... que todos se engasguem, maldição!

Jesus e o capitão Cornélio entraram de novo na casa de Mateus. E continuaram comendo com ele. Nós voltamos para a rua, sem dizer mais uma palavra. Que eu me lembre aquela foi a primeira vez que tivemos uma briga feia com Jesus. Não compreendemos porque ele havia feito aquilo. Não entendíamos então que no Reino de Deus haveria lugar para um homem tão desprezível como Mateus, o publicano.


2º MOMENTO: Compreendendo agora o ambiente predominante em relação aos pecadores, leia esta passagem, também baseado em texto de María e José Ignacio López Vigil, do livro UM TAL de JESUS. O texto é novamente em forma de diálogo entre Jesus e alguns de seus discípulos e vai falar da parábola.


Pedro: Mas, Jesus, por favor, abre os olhos! Você não percebe?... Mateus é um vendido aos romanos, um bajulador de Herodes!
Jesus: Mateus é um homem, Pedro. Um homem como você e como eu.
Tiago: Que se dane esse homem! Mateus é um traidor.
Pedro, Tiago e João estavam com Jesus na taverna junto ao lago. Na noite anterior, Jesus havia entrado na casa de Mateus, o cobrador de impostos de Cafarnaum, e havia jantado com ele.

João: Você nunca reparou que esse Mateus sempre vai sozinho, como um leproso? Ninguém da cidade quer se aproximar dele. Ninguém chega perto.
Pedro: E sabe por que? Porque ele é impuro, traidor e vendido.
João: E um tipo desse você convida para o grupo, Jesus? Mas o que é que você está querendo? Que ele vá nos denunciar ao capitão romano?
Tiago: Eu digo o mesmo. Se essa carniça vier com a gente, eu vou embora. Eu não me junto a traidores.
Pedro: E eu muito menos. Que aquele que está no céu me arrebente as tripas se algum dia eu renegar os meus!
Jesus: Eu não diria assim, Pedro. Mas, tudo bem, é um traidor, quem não sabe disso? Mas eu acho que todos juntos podemos conseguir que Mateus mude.
João: “Eu acho... eu acho...” E se ele der com a língua nos dentes e todos nós cairmos na arapuca por causa da sua imprudência?... Sinto muito, Jesus. Você não tem experiência política. Ninguém cai na besteira de colocar um lobo no meio das ovelhas.
Jesus: E quem disse que Mateus é um lobo? Os lobos são outros João. Agora ele está fazendo o jogo dos de cima sim, eu sei. Não sei, mas quando vi Mateus sentado naquela guarita, sozinho, manchado de tinta, me lembrei de uma história lá de Nazaré, de quando eu era menino...

Era uma vez um pastor que tinha cem ovelhas. Pela manhã, ao nascer do sol, o pastor saía com seu rebanho para o monte, onde o capim era mais verde e a água mais fresca... Todas as ovelhas estavam sadias e fortes, limpas e cuidadas. Todas, menos uma. A que nasceu doente, com uma pata mais curta que as outras. A ovelha que sempre ia atrás, mancando. Desde pequenina as outras a desprezavam. Nem brincavam, nem comiam com ela. Nenhuma se aproximava dela. Sempre ia sozinha aquela ovelha... Aconteceu que um dia iam pelo monte o pastor e seu rebanho. E começou a chover... O pastor saiu correndo e as ovelhas atrás dele, de volta para o curral.

A ovelha doente tentou imitar suas companheiras mas não podia alcançá-las. Tropeçava se levantava, e tornava a cair... O rebanho e o pastor se perderam numa curva do caminho. A névoa e os raios lhe fecharam a estrada. E a ovelha doente se perdeu. Arrastava sua perna coxa procurando as pegadas de suas companheiras. Mas a água apagou os rastros do caminho e não soube mais onde estava nem para onde seguir. Deu muitas voltas, andou daqui para lá no meio da chuva. Mas cada vez se afastava mais das outras. E começou a escurecer...

Enquanto isso, o pastor havia chegado ao curral seguido de seu rebanho. Como sempre, fez as ovelhas passarem pela porta de agulha para contá-las uma a uma...

Pastor: “... 94... 95 ... 96 ... 97 ... 98 ... 99 ... O que aconteceu? Me falta uma. Não pode ser. Seguramente contei errado.”

E começou a contar outra vez...

Pastor: “... 95 ... 96 ... 97 ... 98 ... 99 apenas! Eu perdi uma ovelha! Seguramente é aquela doente, da pata coxa. Puxa vida, onde terá se metido essa danada?” ...

“Bom, não se preocupe com ela. Está doente mesmo. Não sabe andar. Não serve para nada. Que durma no pasto. E que os lobos a comam”... disseram-lhe os outros pastores.

E se fez noite fechada. A ovelha da pata coxa continuava dando voltas pelo monte, sozinha e perdida. Gritou, mas ninguém respondia. Gritou mais forte, mas escutou apenas, lá longe, sobre as montanhas, os uivos dos lobos famintos... A ovelha perdida sentiu medo. Um medo muito grande. Então saiu correndo às cegas e caiu num barranco... Rolou sobre as pedras afiadas, deu mil cambalhotas sobre os espinhos, escorregou até lá em baixo, até o fundo onde a terra é lamacenta. E começou a se afundar...
O pastor estava deitado em sua esteira de palha, bem quente. Tentava dormir, mas não conseguia. Pensava na ovelha que havia perdido. E pensava: Puxa, perder-se assim, numa noite tão feia!... Por que tem de ser sempre a última? Bom, o que se vai fazer. Que se arranje como pode. Eu vou dormir.

A ovelha da pata coxa, tinha ainda um fiapo de vida. Fez um último esforço para sair daquele barranco, mas se afundou ainda mais. O lodo a ia engolindo pouco a pouco... O pastor lá em sua cabana bem quente, por fim conseguiu dormir... E enquanto dormia tranquilamente, a ovelha perdida se afundou mais e mais no barranco escuro. O lodo foi cobrindo toda sua lã, subiu até a boca, entrou pelo seu focinho... Já não podia gritar nem mover-se. Estava morta.

Pedro: E o que aconteceu depois?
Jesus: Nada. Acabou-se a história.
João: Como acabou-se a história?!
Jesus: Sim, acabou.
Pedro: Mas, como vai acabar assim, Jesus?... E o pastor, não fez nada?... Deixou-a morrer?
Jesus: Bem, o pastor fez o que pôde...
Pedro: O que pôde!... Por que não saiu para procurá-la, vamos, diga?
Jesus: Isso é fácil falar, Pedro, mas já pensou sair à meia noite e chovendo daquele jeito...
João: Mas era só se jogar um manto em cima, ora!
Jesus: E as outras? Como ficariam? Ele preferiu ficar vigiando o rebanho...
Pedro: Ele ficou foi dormindo!...
Jesus: Ele tinha de cuidar das noventa e nove ovelhas...
João: Bom, essas se cuidam sozinhas. Você não disse que elas estavam sadias e fortes? A outra, porém era uma infeliz...
Jesus: Bem, João, também não precisa exagerar. Afinal, uma a mais, uma a menos...
João: Não, não, não, isso não está certo, Jesus. Essa história me deixou com um tarugo entalado na garganta. Eu não gosto nem um pouco deste final.
Pedro: Muito menos eu.
Jesus: Pois eu não entendo vocês por que ... Esse é o final que vocês mesmos quiseram pôr...
Pedro: Nós? Mas essa história quem contou foi você, caramba!
Jesus: Não, vocês o puseram. Você, João, e você, Pedro. Mas por sorte, Deus coloca um outro final. Sim, Deus conta a história de outra maneira. Escutem, aconteceu que quando o pastor chegou ao curral e se pôs a contar as ovelhas...

Pastor: ... 95 ... 96 ... 97 ... 98 ... 99 ... Nossa, perdi uma. Vou procurá-la agora mesmo!
Mas seus companheiros lhe diziam: “Como você vai sair assim?... Está chovendo muito. Já é noite. Não poderá encontrá-la. Ela é uma só. Vai deixar as noventa e nove?...” Mas o pastor não fez conta, pegou o bastão, jogou-se um manto em cima e saiu com pressa, no meio daquela escuridão para procurar a ovelha doente que havia se perdido...

Pastor: Estrelinha!... Estrelinha!... Onde você está?... Estrelinhaaaa!...

Chamou-a pelo nome, correu de um lado para o outro, subiu e desceu a colina, gritou até ficar rouco... Não lhe importava a chuva, nem o frio, nem a noite, nem o cansaço... Só sua ovelha que estava em perigo. Tinha de encontrá-la antes que fosse tarde demais...

Pastor: Estrelinha! Estrelinha!

Era uma de suas ovelhas. E ainda estava com vida!... O pastor saiu correndo para o barranco, desceu até o fundo e a tirou dali... Estava salva! Depois a carregou sobre os ombros, cobriu-a com seu manto e, mais do que depressa voltou ao curral. Quando chegou, fez curativos nas feridas e a deitou junto com suas irmãs, sobre a palha quente. E o pastor estava tão contente naquela noite que saiu para despertar seus vizinhos...

Pastor: Amigos, eu a encontrei, eu a encontrei!... Estava perdida, estava quase morta... e eu a encontrei!... Alegrem-se comigo, camaradas! Venham, vamos beber um pouco de vinho...Eu convido. Quero que todo mundo esteja alegre nesta noite!

João: Bom, assim está bem melhor, mas...
Tiago: ... Mas, afinal de contas, a troco de que você contou essa história, heim?...
Jesus: Não sei Tiago... às vezes penso que Deus fica mais contente vendo um perdido como Mateus que volta e quer mudar de vida, do que quando vê os noventa e nove que se crêem bons e justos.


3º MOMENTO: na introdução à parábola, Jesus pergunta: “qual de vós?” e desta forma inclui a todos que estão a sua volta.
“alguém tiver cem ovelhas”: para ser responsável por cem ovelhas provavelmente haverá dois ou três pastores. Uma família geralmente tem de cinco a quinze ovelhas. Eles se reúnem em pequenos grupos para contratar um pastor. O bom pastor conhece cada uma delas e as chama pelo nome. O pastor não é um estranho (Jo 10:1-22). Ele é membro da família e qualquer perda é uma perda para todos eles, da mesma forma que a alegria é sentida por todos. Isto explica a alegria com a comunidade, que é o centro da parábola. Em verdade, a alegria é sentida duas vezes: quando a ovelha é encontrada e quando o pastor volta com ela para a aldeia. E com isso entendemos que não é o valor do animal que impulsiona o pastor a procurá-la. É um animal do seu rebanho, a sua ovelha. A ovelha perdida é um prejuízo comunitário. A ovelha recuperada é alegria para todos.
“e perdendo uma delas”: uma ovelha perdida ficará deitada e se recusará a se mexer. Um cão, um gato, um cavalo quando se perdem voltam sozinhos para casa. A ovelha precisa ser achada.
“achando-a, põe-na sobre os ombros”: o pastor é obrigado a carregá-la por uma distância considerável. Mas ele não retorna reclamando e censurando todo o trabalho e dificuldade. A ovelha é um animal frágil, que facilmente se cansa, enxerga mal e é indefesa. Ela precisa do pastor. As 99 ovelhas foram conduzidas para aldeia pelos outros pastores. Lá chegando, a ausência de um deles é logo notada. Além da possibilidade de perda do animal, há a segurança do pastor. O fato de se achar e retornar em segurança é motivo de muita comemoração e alegria na comunidade.
Jesus nos está mostrando a alegria de Deus de poder resgatar e perdoar. A conclusão da parábola é sobre a restauração de um pecador. A alegria sentida nos céus no arrependimento de apenas um.
Da mesma forma, o pecador que se encontra perdido, não tem força em si mesmo, o pecado lhe consumiu o vigor moral e espiritual. Dependem do Bom Pastor a orientação e segurança: “sem mim nada podeis fazer”. Jesus vai à procura deste homem perdido e se identifica com aquele que está perdido. É assim com o pastor, que quando percebe que uma ovelha se perdeu, não perde tempo e a procura com todos os seus esforços possíveis. “O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10:11).
A história não termina pela ovelha encontrada. Agora esta ovelha precisa ser restaurada ao convívio com as demais. Desta forma, Jesus nos explica porque está recebendo pecadores. Esta recepção acarreta a restauração na comunidade. E o pastor que carrega a ovelha, tarefa aceita com alegria, nos remete a cada um “carregar a sua cruz” (Lc 14:27). Publicanos e pecadores pertencem a Deus, a despeito de todas as aparências em contrário. O próprio Deus quer que eles voltem a si e se esforçará para te-los de volta. Em outras palavras, Jesus disse: “O pastor procurou a ovelha. Eu procuro os perdidos e vocês, fariseus, deveriam fazer o mesmo.”

4º MOMENTO: com a parábola da MOEDA PERDIDA, Jesus reforça este conceito de esforço e restauração.
MOEDA PERDIDA Lc 15:8-10
Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perde uma dracma, acende a candeia e varre a casa, procura com diligência até a encontrar?
E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que havia perdido.
Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.

Jesus mais uma vez está rejeitando atitudes farisaicas, pois se utiliza de uma mulher para passar seu ensinamento. Neste caso, a mulher sabia de que a moeda havia sido perdido dentro de casa. Ela tem a certeza de encontrá-la, desde que esteja disposta a esforços. Dinheiro é um artigo raro, pois a aldeia é auto-suficiente, fazendo trocas com mercadorias, sua própria roupa e cultivando sua própria comida. A moeda adquire valor maior que o monetário. Ela também faz parte do dote, colocada em véus ou colares. Perder uma é perder um casamento.

5º MOMENTO: conclusão.
Jesus foi buscar Madalena no abismo de vícios e vaidades. Foi buscar Zaqueu da ganância e opulência. Paulo do fanatismo e ignorância. Advertiu Judas do caminho perigoso que ele escolheu. Pedro, de sua rigidez.
Todos somos ovelhas perdidas que precisam de um pastor que nos guie. O mundo inteiro é como a ovelha perdida: todos seguem o seu próprio caminho de individualismo e egoísmo. Todos os homens precisam arrepender-se para assim se colocarem a disposição de mudança.



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